Sou uma puta porque tirei uma
foto bebendo a cerveja que eu comprei com o dinheiro que ganhei usando horas do
meu tempo trabalhando? Ou sou uma puta porque beijei uma mulher que eu não
conhecia durante o carnaval?
Sou uma puta porque usei aquela
saia linda que eu vi naquela loja e me senti uma diva quando experimentei, mas
você, achou curta demais.
Sou uma puta porque sai andando
com minhas amigas até o posto da esquina, para comprar duas caixinhas de
cerveja e comemorar o último dia de carnaval, dia este que encontramos um tempo
no meio da correria da semana de trabalho, para passar juntas e dançar e conversar,
chorar e se divertir.
Sou uma puta porque disse a um
cara que não sairia com ele, porque agora ele tem alguém e acho que a outra
mulher merece um respeito bem grande se ele assumiu algo sério com ela. Puta sonoridade!
Sou uma puta porque conheci
pessoas incríveis e passei a noite conversando com elas e conhecendo o mundo
incrível delas e aprendendo por um contato íntimo e não sexual. Mas por isso,
cheguei tarde em casa e passei da meia-noite, o horário que a princesa precisa
correr para não perder o encanto, para ninguém a chamar de puta, para não dizer
que não se deu ao respeito. Afinal, o que os outros vão pensar da princesa que
passa da meia-noite? Puta! Puta! Puta!
Sou uma puta que não se vendeu,
mas se doou pra alguém que não sabia receber essa doação e foi embora, procurar
algo menor do que isso que essa puta chama de amor, que é demais, é louco e
neurótico, que tira qualquer um da zona de conforto do: “vou dormir hoje aqui e
amanhã saio cedo, sem fazer barulho, pra não te acordar e perceber que isso
aqui só foi apenas mais uma de amor”.
Sou declaradamente uma puta,
porque aquele cara que estava no carro com outros caras, me chamou de princesa
e eu segui em frente, porque sou mulher e estava com outras mulheres, numa rua
escura e morrendo de medo, como todas as vezes que ando em uma rua escura
sozinha ou com outras mulheres.
A presença de um homem pode
significar dois opostos, ou traz a confiança de que ninguém vai mexer com você,
porque afinal, tem “seu dono” ali. Ou o medo de ver um homem próximo e saber
que ele vai mexer comigo e se eu ignorar, ele pode me invadir ou me humilhar,
pelo simples fato de ter nascido mulher, e claro, uma puta!
Toda princesa vira uma puta
quando dá as costas para uma cantada barata.
Toda gostosa vira feia ou
“sapata”, quando dá as costas para uma cantada barata.
Numa rua.
Escura.
Sozinha.
Ou com outras mulheres.
Putas.
Tudo puta.
Puta-mulheres!!!
Que não se dão ao respeito, pelo
simples fato de que este deve ser seu por direito, por obrigação.
Sou uma puta mesmo, porque não
nasci para ser a princesa que espera o príncipe trazer a mudança.
Eu sou uma puta, porque eu faço a
mudança que quero em mim.
Sou a super heroína da minha
história, não preciso de príncipes, nem sapos, nem fadas e nem anjos pra fazer
da minha vida um conto.
Li hoje uma frase que não é
minha, mas com certeza podia ser minha e de todas as puta-mulheres que conheço:
“Não nasci para ser metade. Porque eu mesma já sou inteira.”
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